quinta-feira, 27 de novembro de 2008

MOTEL de Luís Fernando Veríssimo

Mirtes não se agüentou e contou para a Renata:
- Viram teu marido entrando num motel.
Renata abriu a boca e arregalou os olhos. Ficou assim, uma estátua de
espanto,durante um minuto, um minuto e meio. Depois pediu detalhes.
- Quando? Onde? Com quem?
- Ontem. No Discretíssimu's!
- Com quem? Com quem?
- Isso eu não sei.
- Mas como? Era alta? Magra? Loira? Puxava de uma perna?
- Não sei, Re.
- Carlos Alberto me paga. Ah, me paga.
Quando o Carlos Alberto chegou em casa a Renata anunciou que iria deixá-lo e
contou por quê.
- Mas que história é essa, Renata? Você sabe quem era a mulher que estava
comigo no motel. Era você!
- Pois é. Maldita hora em que eu aceitei ir.
- Discretíssimu's! Toda a cidade ficou sabendo. Ainda bem que não me
identificaram.
- Pois então?
- Pois então que eu tenho que deixar você. Não vê? É o que todas as minhas
amigas esperam que eu faça. Não sou mulher de ser enganada pelo marido e não
reagir.
- Mas você não foi enganada. Quem estava comigo era você!
- Mas elas não sabem disso!
- Eu não acredito, Renata! Você vai desmanchar nosso casamento porisso? Por
uma convenção?
- Vou!
Mais tarde, quando a Renata estava saindo de casa, com as malas, o Carlos
Alberto a interceptou. Estava sombrio:
- Acabo de receber um telefonema - disse. - Era o Dico.
- O que ele queria?
- Fez mil rodeios, mas acabou me contando. Disse que, como meu amigo, tinha
que contar.
- O quê?
- Você foi vista saindo do motel Discretíssimu's ontem, com um homem.
- O homem era você!
- Eu sei, mas eu não fui identificado.
- Você não disse que era você?
- O que? Para que os meus amigos pensem que eu vou a motel com a minha
própria mulher?
- E então?
- Desculpe, Renata, mas... - O quê???

- Vou ter que te dar uma surra...

(Luiz Fernando Veríssimo)


CONCLUSÃO:

DEVEMOS CUIDAR APENAS DA NOSSA SAÚDE, POIS DA NOSSA VIDA, TODO MUNDO CUIDA.

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